segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A FLOR E O BEIJA-FLOR

A flor e o beija-flor - Levi d'Freitas

Essa é a rua da saudade
aonde morava o beija-flor.
Voa, voa, bate asas
pois murchou o seu amor.
Voa, voa, beija-flor.
Vai beijar o seu amor.

De seu rosto correm rios
dobrou na esquina do torpor.
Molhou a terra, regou vida
e ali brotou mais uma flor.
Voa, voa, beija-amor.
Da dor, brotou a sua flor.

Essa é a rua da saudade.
Não esquece quem conheceu
o beija-flor que foi embora
com sua flor que aqui viveu.
Voa, voa, amigo meu
quem aqui ficou não te esqueceu.


# À lembrança e à saudade de meu avô Joaquim e minha avó Arlinda, in memorian.


segunda-feira, 9 de março de 2009

FAR AWAY

FAR AWAY - LEVI D'FREITAS

Por ser estranha à minha boca a tua ausência
é que me obrigo a te escrever a minha dor.
Por ser normal eu não medir as consequências
venho falar-te que ainda tenho amor.

De vez em quando até tentava não lembrar
mas do teu cheiro, teus carinhos, não esqueço.
De tanto em tanto fiz-me bobo a cortejar.
Me diz, então, tua presença, eu não mereço?

E sem querer sinto vontades de tentar.
E sem tentar sinto vontades de querer.
É bem mais fácil nem tentar me dominar,
pois que no fim tudo me leva a te querer.

E neste instante, em quem pensas, por quem rezas?
Ou quem está contigo, a sós, no aconchego?
Igual a mim, na solidão, assim será?
Por companhia tenho só meu choro e medo.

Por esta falta, esta ânsia do teu seio
eu me limito a te lembrar do meu temor:
pois eu esqueço nessas linhas que não leio
de esquecer que meu desejo é teu amor.

Eu só queria entender. Mas, quem disse
que o amor é algo pra se explicar?
Sem rima, continuo tão distante.

domingo, 26 de outubro de 2008

A FUGA

Meu coração, aquele bandido,
está foragido.
Fez estragos, disse coisas.
Deixou-me agora sem sentido.
Percebo, porém,
algo que me fora dito:
Foi embora por ser mal,
ou, por ser ele assim, não teria partido?
Ou merece atenção o fato
de ser dele bem sabido:
que eu sou um alguém tão chato
que nem o pior me haveria merecido?
Ora, cante comigo, au revoir!
Ninguém é obrigado a me suportar.
Fique onde está, volte se quiser.
Minhas emoções, deixei nas mãos de uma mulher.
Se ela não quis, azar.
Eu é que não vou me preocupar.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

CAI O PANO - CARLOS EDUARDO SAMPAIO

A matemática é bem simples: no início seriam, teoricamente, treze alunos iniciantes do curso de comunicação, licenciado em jornalismo, que criaram um blog e escreveriam para esse blog. Destes treze, somente cinco escreveram; três até bem pouco tempo atrás ainda o faziam; dois ainda lêem, mas só um comenta. O outro anteviu a hora agonizante e ficou responsável por colocar o post mortem.

Que fique registrado: não se escrevia com o objetivo de se sentir bem, expressar idéias e dialogar com o mundo através delas. Escrevia-se para receber comentários; e o que é ainda pior, cobrar por comentários; e aquele simpático professor se esforçava por conciliar seu escasso tempo de docente em ler esses aspirantes a escritores e /ou jornalistas.

Este texto não é uma sobrevida; é antes, a constatação do fim.

Já não há mais idéia, já não há mais desejo, já não há mais satisfação...

Já não há mais tinta...

domingo, 11 de maio de 2008

COLOCANDO OS PINGOS NOS ÍPSLONS ( OU A ILUSÃO OBJETOCOR) - CARLOS EDUARDO SAMPAIO

Passei minha vida inteira pensando que Informática era o que eu queria cursar. Depois que estava lá, percebi o quanto ainda me sinto confuso (e olha que já estou com quase 30) em escolher uma carreira profissional. Acontece assim mesmo: de repente desisto de tudo. Outras coisas começam a me interessar e deixo o que fazia pela metade para me dedicar ao meu novo interesse. Atualmente estou trabalhando na idéia de fazer jornalismo. Algumas disciplinas do curso me estimulam bastante. Fotojornalismo, por exemplo, foi uma das coisas que povoou minha cabeça por algum período. Mas como tantas outras coisas que fiz na vida, será outro tiro no escuro. É esperar para ver. Tenho que estimular uma coisa que na realidade tenho muita preguiça de fazer: escrever. No mais, me agrada a quantidade de conhecimento que o curso me proporcionará. Acredito que entro nessa por puro idealismo. O ideal e estereótipo dos jornalistas consagrados! Como se a vida deles fossem sempre de aventuras interessantes. Pobre coitado! Desespero por algo de emocionante sempre nos tende a fantasiar a realidade.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Matrimônio (Sem plural) - Levi de Freitas

MATRIMÔNIO (SEM PLURAL) - Levi d'Freitas

Tomei por esposa minha solidão.

Dela só largo se me tomarem pela mão

e me conduzirem à outra estação,

aonde eu não mande mais em meu coração.

Ou, alternativa,

esta, mais sem sentido:

seria fazer-me viver de novo a vida,

porém sem me ter dado por entendido

tudo que descubro sem querer,

querendo apenas descobrir

que estive sempre errado ao me fazer

errar para não atingir.

Tomei por esposa minha agonia.

Esta, agora, é minha filosofia:

sem amores, sem rancores.

Sem dúvidas, sem temores.

Sem dores

ou problemas sem final.

Sem ditadores

ou palavras no plural.

ATÉ QUANDO? - JANAÍNA BANDEIRA

Sábado, 29 de março de 2008. Uma linda garotinha de cinco anos passeia por um supermercado de Guarulhos com seu pai, irmãos e a madrasta. Isabela Nardoni não sabe que dali a algumas horas vai ser vítima de um ato brutal. Daquilo que chamo de “monstruosidade humana”.

O que pode levar uma pessoa a cometer tal ato? Estou até agora me perguntando isso sem, no entanto, encontrar uma resposta. A polícia se sente pressionada pela população que já não agüenta mais esse tipo de coisa. A mãe pede justiça. O pai e a madrasta se declaram inocentes. O avô desabafa: “Meu filho não é um monstro!” E eu grito: “Meu Deus! Que mundo é esse que meus filhos estão crescendo?” O que será que aconteceu naquela noite dentro do apartamento de Alexandre Nardoni? Por que espancaram uma garota sem que ela tivesse a mínima chance de defesa? Alguém já parou pra pensar o quanto ela sofreu? Quanta dor deve ter sentido... Teve um corte na testa, um pulso fraturado, foi estrangulada, a bacia quebrada, além de outras lesões! Eu nem consigo mais dormir pensando nisso. Sei que assistimos a coisas horríveis todos os dias pela televisão, mas esse caso em particular me chocou profundamente. Minha filha de quatro anos agora tem medo de ficar sozinha no quarto. Ela disse que tem medo de um homem aparecer e jogá-la pela janela...

Eu queria saber se isso é a evolução humana. Se for, para que evoluímos? Para destruirmos sonhos? Para destroçarmos famílias? Para que? Alguém sabe me dizer? Espero, sinceramente, que os verdadeiros culpados sejam encontrados e punidos. Na verdade, acho que merecem passar pelo mesmo que fizeram a essa garotinha. Não! Assim mostraríamos mais uma vez que ainda não evoluímos...