quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O APRENDIZ - LEVI DE FREITAS

*PARENTAL ADVISORY:

Não me responsabilizo pelo choque que possa causar este texto. Publico-o a pedidos, apenas. Tenebroso sei que é. Chocante também. Quem possuir ainda inocência e pureza em seu coração, afaste-se dele. Leia os outros textos que aqui figuram.


"Sem amores, sem rancores. Sem dúvidas e sem temores."



O APRENDIZ (OU ODE AO NÃO-AMOR) - LEVI D'FREITAS

O amor não existe. É pura ilusão.

Amor só de pai e mãe. De Deus, a compaixão.

Este foi na vida teu mais difícil aprendizado:

Nunca diga 'eu te amo', um dia você vai ser acusado

De ter dito a frase errada para a pessoa certa

Aquela que vai fechar a porta quer você deixou aberta.

Vai sair e dar adeus, vai te ferir de morte.

Mas você só vai morrer se tiver muita sorte.

Vai te fazer beber para esquecer a solidão.

Vai transformar em cinzas de cigarro cada pedaço
Do teu coração.



De uma mesa de um bar qualquer... Com um copo de cerveja na mão. Ao lado, jazem os que não resistiram aos efeitos do álcool. Da boca de quem vos escreve ouviu-se o que hoje é esta poesia.

Da dor, brotou a minha flor.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

SAUDADES... - JANAÍNA BANDEIRA

Saudades de você, meu amigo. Tanta coisa que passamos juntos, né? Lembro quando você chegou lá em casa, tão pequenino e alegre. Mudou nossa vida, principalmente a da Fernandinha, que era apaixonada por você. Passou férias na praia, com todas as regalias possíveis, chegando até a comer churrasco e roubar os sanduíches das crianças. Levava uma bronca, mas depois vinha me lamber com a cara mais lavada do mundo. Desceu as dunas correndo atrás dos meninos que deslizavam de esquibunda... Saudades daquele tempo...
Hoje já temos um novo membro na família, mas o sonho de consumo dela é um gatinho. Deus me livre! Quem tem gato passa a ser escravo dele. Nunca será amigo como o cachorro. Deixa só seu vizinho oferecer um prato de guloseimas pra ver o que ele faz com você. Certamente lhe virará as costas e partirá em busca do "desejo proibido". Dia desses estava arrumando os brinquedos das crianças e encontrei seu lobinho de borracha, aquele seu brinquedinho predileto. Como chorei... Lembrei de tudo que você significou para a minha família. Lembrei do dia em que não pude mais cuidar de você por me descobrir grávida e com grande risco de contrair toxoplasmose. Acho que sua tristeza foi tão grande, que depois disso adoeceu de forma violenta e nos deixou. Sinto sua falta, Bob. Queria poder sentir mais uma vez sua lambida sem vergonha... Nem que fosse só mais uma vez...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

FAVORECIMENTO ILÍCITO (PARTE I) - LEVI DE FREITAS

FAVORECIMENTO ILÍCITO - LEVI D'FREITAS

Passo apressado por entre as sacoleiras e boxes abarrotados de réplicas de marcas famosas. Ao encalço, o primo do interior.

-Esta calça está boa! Quanto custa?

-20 reais, amigo – responde o homem de meia-idade, demonstrando interesse naquela venda.

-Não está bom o preço. Vi mais à frente modelo semelhante a 17 reais. – Intervenho, a fim de facilitar a economia de meu parente.

-A este seu preço não posso vender.

Cerra a face e nos vira as costas.

-Ora! Este lugar está cheio de vendedores mais simpáticos e flexíveis. Caminhemos, meu primo! Você vai voltar com as sacolas cheias para sua cidade!

Passamos a manhã a rodar a praça e encher sacolas que farão a alegria de muitos na cidadezinha de onde viera o meu amigo.

-São os presentes de Natal. – dizia.

Ao fim da manhã, ponho-o no ônibus que o levou para casa. Radiante estava, pois aprendera a arte da ‘pechincha’...

-Aprendera com um profissional! – gabava-me.

Telefono para casa e aviso todos: o primo já retornara ao seu lar.

-Mamãe, ficarei mais um pouco por aqui. Tenho negócios a resolver.

Ora, quem me dera ter retornado no ônibus que passara logo em seguida... O ônibus em que pus aquela velhinha que estava na parada, juntamente com sua muamba que encheria duas vagas em um trem...

-Obrigada, meu filho! Deus lhe abençoe! – agradeceu-me a senhora de idade avançada, ao sentar-se apoiando em meus braços e na velha bengala. Em seguida, aos seus pés, pus as pesadíssimas sacolas que ainda não entendi como ela conseguira carregar até a parada seletiva dos veículos comunitários.

Retorno ao que chamei de ‘reino do comércio alternativo’. Lá chegando, uma ligação:

-Irmão, estou por aqui também. Encontre-me na loja de esportes, vamos fazer negócios juntos esta tarde!

Passar a tarde fazendo compras com ele, no meio do ‘mercado alternativo’, sempre foi ótimo, desde a infância. Adorávamos baixar os preços das mercadorias na base da algazarra, e muitas vezes alegar falta de verba e sair rindo dos pobres que contavam com aquela venda. Ah, tempo bom em que eu conseguia me sobressair em relação aos outros... Tempo em que eu era ‘o’ comerciante...

-Querido irmão, quero comprar telefones celulares de forma não-convencional...

-Aonde você quer ir? – questiona-me, apesar de estar entendendo, no que sorri no canto da boca, já demonstrando a velha inclinação para a malemolente falação que iríamos ter com os vendedores a tarde inteira...

-Vamos ao ‘reino do comércio ilícito’, meu irmão!

[ CONTINUA. OU NÃO... O FINAL, VOCÊ DECIDE! ]

[ USEM OS COMENTÁRIOS PARA SOLICITAR A PARTE II DESTE CONTO. SOMENTE COM 10 (DEZ) POSTAGENS A CONTINUAÇÃO SERÁ LIBERADA PELO AUTOR. ]