segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

UMA MANHÃ - ROSA CONCEIÇÃO


Uma manhã - Rosa Conceição


Tudo começou às cinco horas: pancada aqui, pancada ali; um ruído infernal, uma pancadaria inimaginável. O sono, o sono é indescritível, aquele que lhe deixa sem raciocínio, que lhe faz abrir a boca, que te pede para ficar mais um pouco.
Levantar... Ah! É preciso levantar. Há um banheiro, com água não tanto gelada, mas que ao cair no corpo dá um sinal...Já estou acordada! Meu Deus ! Preciso sair do banheiro, as atividades me esperam.
O mais demorado mesmo é escolher a roupa: essa, aquela... Já são seis horas e a roupa ainda por escolher. Termino pegando a primeira, pois o tempo não me permite procurar mais. É preciso tomar café, mas e o tempo? Não dá para comer direito, pego uma fruta. Comer uma fruta é bem mais rápido.
Deu seis e quinze, é hora de pegar o ônibus. Pegar o ônibus? Pegar ou apanhar? Prefiro dizer ‘pegar’, essa coisa de gramática é mesmo complicada.
A pista é ‘infinita’, muitos carros, muitos ônibus, mas e o meu? Passaram alguns mas iam tão lotados que não arrisquei entrar; talvez eu fosse esmagada, talvez não, prefiro não arriscar. Essa coisa de ônibus...
Quê? São seis e vinte! A pressa aumente e termino ‘pegando’ o primeiro ônibus depois de tanto esperar. O ônibus nem estava tão lotado mas as minhas mãos iam tão ocupadas que quase caí. Imaginem se tivesse lotado! Quinze minutos para o terminal, só quinze minutos... Imaginem se fosse mais distante, meu Deus, o desespero seria grande. Em fim no terminal... Graças!!! Estou quase no local final, ah! Não se espantem, estou falando do local de estágio. É... Sou uma estagiária.
Mais um ônibus e em cinco minutos estarei lá. Um... Enfim, no prédio, a porta já abriu, o responsável chegou mais cedo hoje, três pessoas haviam chegado; somos 15, eu fui a quarta a chegar, sempre chego mais cedo, geralmente 15 minutos antes. Os outros estagiários começaram a chegar, alguns até atrasados, coitados, moram tão longe! Precisam acordar tão cedo que chegam abrindo a boca, até parecem meninos sem dono. É, mas todos têm dono, é que essa coisa de estudante... Mas como seria o mundo sem estudantes???
Agora estamos na sala, 15 computadores, 15 estagiários; uma integração tão grande, coisa de estudante... Os telefones tocam com uma certa pausa, deixando todo mundo sonolento. Um cai ali, outro cai aqui, mas todos sabem a responsabilidade de estar aqui. É preciso despertar, o telefone é o sinal de que estamos em atividade e pode tocar a qualquer momento.
Pausa para lanche, paus... Mas como, 'pausa para o lanche'? Nem chegamos, aliás, chegamos, mas a hora mesmo é de marcar o intervalo de cada um: um vai, outro vem, e, de uma forma cronometrada, todos lancham. O toque continua com alguns intervalos para banheiro e tomar água. Ninguém esquece as brincadeiras, elas são uma forma de esquecer o tempo e chegar a hora de voltar para casa.
Continuamos em frente a esta máquina... Mas o que seria de nós se não fosse ela, afinal, temos de dar as informações precisas a cada manhã...

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