sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

O JULGAMENTO(Continuação...) - CARLOS EDUARDO SAMPAIO

Diante daquelas últimas palavras, o tribunal não se conteve: pessoas ligadas ao réu, levantaram gritando que aquilo era um absurdo para nossa época; que por muito mais do que isso gente muito mais nociva à sociedade tinha sido condenada a uma pena mais leve. Até o juiz Metelo Nepos inclinou-se para frente para ter certeza de que ouvira bem aquelas palavras. Para o réu Lucius Emilio Vespasiano tudo parecia não fazer mais sentido: fora a cor que desaparecera por completo do seu rosto, a sala ficara de repente silenciosa; o tempo tornou-se mais vagaroso e as idéias vinham agora de ecos que ressoavam na sua cabeça e sumiam sem deixar qualquer sinal de presença. Não conseguia dar seqüência a nenhum pensamento lógico; quando uma idéia dá sentido a outra anterior e assim por diante. Nada! Lucius Emilio era uma pessoa ainda relativamente jovem. Ainda cedo entraria para uma agremiação de jovens literatos na sua cidade natal de Tresímeno. A turma dessa agremiação não parava de escandalizar a gente simples daquela cidade com todos os tipos de excessos. Bebidas, defloração de menores, rituais pagãos; se consideravam mesmo epicuristas e levavam a fundo todos os preceitos desse velho filósofo grego. Contudo, achava normal todos aqueles atos e legítima a vontade de chocar o mundo com seu péssimo gosto de jovem vaidoso e pomposo. Seus versos eram repudiados por todos os senhores que tivessem um bom discernimento dentre os inúmeros e variados tipos de literatura produzida na cidade de Tresímeno. Mas o julgamento desses perfeitos idiotas da velha escola Cicerana, não significava nada para ele e seu obscuro propósito de ver seus textos brilhando nas grandes revistas da capital Hélos...

Um comentário:

Anônimo disse...

Ó o cara, aí... Show de bola, véio! Quando sai o livro?????