segunda-feira, 15 de outubro de 2007

SOU EU - CARLOS EDUARDO SAMPAIO

Serás tua própria testemunha do que vou te dizer hoje.

Sou o EU, que de ti recebe todas as dores.

Por que esqueces de mim quando rires?

Mas em mim encosta teu ventre convulso quando soluças em pranto?

Sou o EU, que com prazer e resignação sofre junto contigo.

Nesse teu calar angustiante e mesquinho.

Sou o EU, que te recebe de braços abertos, para contigo somente.

Dar gritos de ‘melhor para nós’, quando só me caberia ser prudente.

Vangloriava-me no passado, para que através de mim irradiasse de ti uma fortaleza.

Hoje esquece-me e te acovardas no EU dos outros.

Sou o EU, então que suporta toda a tua vergonha, humilhação e desrespeito para contigo.

Sou o EU, que pede apenas um pouco de tua atenção.

Pois equilibro teus temores e sonhos para que não enlouqueças.

Por que procuras o EU dos outros para te fortalecer?

Não precisas! Você não sabe o quão forte me tornei.

Carrego dentro de mim marcas só comparadas a flagelos antigos.

Achas que eu não suporto uma perda de um ente querido?

Morres junto com ele se pensas assim.

Achas bem que eu não suporto frustrações profissionais?

É o mais fácil, por ser tão fácil me aborrecerias com isso.

Achas que não suporto até mesmo mediocridades romanceadas?

O coração por ser o mais frágil, é justamente o que controlo com mais facilidade.

Enfim, dou-te provas mais do que contundentes que se procuras o EU de outros.

Para que possas te aliviar, consolar e aconselhar.

É por que não mereces e nunca mereceu o EU que tens.

Sou o EU do teu ser e da tua circunstância.

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