domingo, 11 de novembro de 2007

EU ROUBEI O LOUVRE – LEVI DE FREITAS

EU ROUBEI O LOUVRE – LEVI D'FREITAS


Não me custou sonhar. A beleza e a lembrança, o tempo leva. A sutileza de tuas palavras, tão certas e eficazes, essa nunca passará. O delírio de um beijo, o espanto da realidade. Não posso te ter, e a vida continua. Pessoas vêm e vão. Agora estou até bem, você é que ainda precisa de mim. Mas não consigo ver teus olhos sem lembrar de toda a poesia, de cada acorde que descobri tentando te fazer a melodia mais perfeita, o verso mais completo. Mesmo que você nem bem me veja. Mesmo que a tua voz em minha memória seja mero resultado de meu tempo com você. Mesmo que você nunca me tenha dirigido um único olhar individual. Apesar de tua vida ser indigna, aprisionada em teus próprios átrios, tua fama é que me faz delirar, ou será o vinho que bebo? Não sei.

Teu sorriso, tão enigmático quanto este teu perfume de coisa que foi e não volta mais. És tão estranha... Fale alguma coisa! Não me deixe proseando sozinho!

...

Ah, entendi... É que esta tua boca não foi feita para jogar palavras ao acaso. Tua saliva não é para ser desperdiçada assim, com um qualquer. Não sois mulher de quem te deseja, mas de quem te consegue. Respeitarei tua natureza.

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Vinho... Não tomas vinho? Há ainda alguma coisa nestas garrafas. Se quiseres, trago-te uma taça.

...

Não, não tomas vinho. Bebes néctar do Olimpo, não sois daqui, percebo. Tudo bem. Perdoe minha insolência, mas é que é difícil para um simples mortal te ver assim, tão de perto, tão única que és, tão individual, tão mística. Esta tua aura revigora! Preenche meus vazios sem nem mesmo me tocares, mesmo recusando meus afagos, mesmo me negando teus sentidos. E eu, abobalhado, somente te contemplo e te dedico estas minhas horas, o suor de meu corpo, o fruto de meu trabalho.

Como fora difícil te trazer aqui! Ah... Meses trabalhando, sonhando com este dia. O dia em que te teria aqui, comigo. O dia em que eu olharia para você e sentiria este gostinho de ‘missão cumprida’. Também não sei quanto tempo ficarás comigo. Espero que para sempre. Contudo, te suplico! Nunca me negues companhia. Jamais me condene por meus atos. Sou falho, diferente de ti. Sou arrogante e estúpido. Piso em falso a cada metro. Perdoe-me, não sou digno de estar ao teu lado, porém, aceita-me como sou. E nunca duvides do quanto te sou fiel. Do quanto te sou devotado.

Enfim, acho que vou te deixar em paz. Minha voz talvez já te tenha irritado o suficiente por esta noite... Espero que durma bem. Sonhe com os anjos, que eu sonharei contigo.

Estarei no quarto ao lado. Até amanhã. Boa noite, Monalisa.

Mais uma coisa: por favor, não me prives nunca de teu sorriso. Eu (te) roubei (d)o Louvre, mas queria mesmo era te roubar pra mim. Literalmente.

4 comentários:

Janaína Bandeira disse...

Ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!! Muito bom mesmo, Levi. Bjim!!!

luiz gonzaga capaverde disse...

Guri, tá bom demais!! Pára não. Escrever não vai ser teu ofício, vai ser teu vício.
Abraço
LG Capaverde

Unknown disse...

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Fico muito feliz com os comentários!

Agradeço deveras!

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Levi de Freitas

Janaína Bandeira disse...

Levi, hoje mais uma vez li seu texto. Cara, não tem nem como expressar a magnitude de suas palavras. Puxa! Fiquei presa do início ao fim. Quando é que você vai roubar outra peça do Louvre e nos presentear com mais uma declaração de amor tão bem estruturada? PARABÉNS!!!